[Nota prévia: Vini, obrigada por ser quem é!]
No dia 5 de maio, quinta-feira, Pablo Gabriel Galiza Barbosa, estudante do curso de Química da UFLA (Universidade Federal de Lavras) vestiu-se com uma camiseta customizada e uma saia preta longa para ir à faculdade. Lá, foi interpelado pelo segurança, que afirmou que a maneira como Pablo estava vestido era um trote e que, devido às políticas da instituição ele não poderia assistir às aulas usando aquelas roupas.
No dia 5 de maio, quinta-feira, Pablo Gabriel Galiza Barbosa, estudante do curso de Química da UFLA (Universidade Federal de Lavras) vestiu-se com uma camiseta customizada e uma saia preta longa para ir à faculdade. Lá, foi interpelado pelo segurança, que afirmou que a maneira como Pablo estava vestido era um trote e que, devido às políticas da instituição ele não poderia assistir às aulas usando aquelas roupas.
Mesmo
depois de Pablo ter afirmado, com todas as letras, que aquela era a forma como
se vestia normalmente, e que não havia relação alguma com brincadeiras
aplicadas por universitários, o segurança se recusou a permitir que ele
permanecesse na faculdade, chegando ao ponto de acionar a Polícia Militar
lotada no campus para que abordasse o aluno.
Ainda que Pablo insistisse no fato de que
havia escolhido sua roupa e que aquela era uma opção de seu cotidiano, a PM lhe
fez ler o regimento interno, em que constavam as políticas da universidade a respeito do
trote.
Claramente,
nem o segurança nem a PM estavam dispostos a ouvir o que o universitário tinha
a dizer. Pablo foi encaminhado para conversar com o pró-reitor, que não estava
presente e, porque no momento, compreensivelmente, encontrava-se nervoso, foi
levado à sala da psicóloga da universidade. No entanto, o segurança que
interpelara o aluno adentrou com ele na sala para dar sua versão dos fatos.
Pela terceira vez, Pablo foi silenciado.
Os
atos do segurança revelam como a questão da discriminação não é levada a sério
quando ocorre pontualmente e de maneira velada. O critério utilizado para vetar
a entrada do aluno é baseado em princípios preconceituosos, como é possível
notar ainda na fala do reitor, José Roberto Scolforo, em entrevista para a
EPTV. Segundo afirmou, "A
pessoa veio fora de um padrão considerado por ele razoável observando as normas
e, portanto, ele de uma forma extremamente cortês considerou que aquilo ali não
era uma vestimenta adequada".
Podemos inferir que um padrão
considerado razoável pelo segurança passa pela lógica que divide roupas entre
“femininas” e “masculinas”, mas não é esse o maior problema na atitude do
funcionário. A tentativa de imposição de sua percepção, segundo alunos da
faculdade que conhecem Pablo e acompanharam o desenrolar da situação, foi de
intimidação e silenciamento do garoto.
Se o trabalho do segurança é o de
cumprir ordens da instituição e obedecer às regras, isso não pode ser feito com
violação da dignidade de qualquer aluno. Ademais, ao acionar a Polícia Militar,
o segurança excedeu sua função, pois somente a reitoria é autorizada a isso.
A indignação de Pablo e das demais
pessoas que protestaram nas dependências da universidade é, antes, causada pelo
cerceamento da expressão de identidades dentro de um local em que a liberdade
deveria prevalecer.
Um grupo de 5 estudantes conversou com o reitor após o ocorrido, estabelecendo alguns acordos, conforme relatado pelo Vinícius Lucas de Carvalho, estudante do mestrado da UFLA e militante pelos direitos LGBTTTQIA+. Reproduzo, aqui, suas próprias palavras, após segunda matéria (tendenciosa) veiculada na EPTV, filial da Rede Globo de Lavras:
Amore, gratidão pelo espaço, pelos ouvidos atentos e pelas palavras que acariciam e militam, com posicionamento certeiro. Amigas e juntas na luta. Beijos de luz.
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