Hoje, uma nova movimentação está rolando no Facebook. Na semana passada, com a aprovação do casamento igualitário pela Suprema Corte dos E. U. A., muita gente começou a modificar suas fotos de perfil para uma que tivesse as cores da bandeira LGBT. O que se iniciou como uma forma de comemorar rapidamente deu lugar a uma rede de apoio à causa, com heterossexuais aderindo a uma campanha global - e, não tem como negar, a uma moda, vá lá.
Acontece que, mesmo dentro da comunidade LGBT, existem "categorias" com menor visibilidade, como é o caso da letra "T", que designa indivíduos transgênero - transexuais, travestis e pessoas trans em geral.
Porque a sociedade ainda está apegada a uma lógica que associa automaticamente sexo biológico, gênero e sexualidade, muitos continuam a não compreender a condição trans, apesar dos esforços por parte de ativistas e artistas trans em torno do esclarecimento. Por vezes, pessoas trans sofrem com a rejeição até mesmo entre grupos LGBT, dentro dos quais deveriam encontrar apoio e empatia!
Como pessoa que escolheu transitar entre os gêneros, nunca senti, na pele, a mesma exclusão que pessoas trans, mas sei o quão doloroso é a jornada de cada um que deseja modificar o corpo para se sentir em conformidade com a mente. Por isso acho extremamente importante apoiar a causa e dar visibilidade às questões trans, para que essas pessoas deixem de ser vistas como "estranhas", "erradas", "doentes"... Apesar da tristeza que é tomar consciência do quão transfóbica é a sociedade ocidental, acredito no poder da visibilidade e da educação.
Peço, então, nesta sexta-feira, dia 3 de julho, e pelo restante do mês, que mudem suas fotos de perfil com as cores da bandeira trans, em apoio a nossos irmãos, amigos, companheiros, que lutam bravamente pelo direito de serem vistos como "pessoas reais".
Para aplicar o filtro, é só enviar uma foto do seu PC para o aplicativo (http://messica.codes/transflag) e salvá-la de volta - infelizmente, ele não faz a mudança automática, mas é só enviar a foto normalmente para o Facebook.
Abaixo, fiz a tradução do texto (com a devida permissão da autora) da própria criadora do app, Jessica Willow, explicando suas motivações e a importância de uma ação que, apesar de pequena, faz uma grande diferença...
Só pra constar, eu não estou nem aí pra limitar esses posts sobre meu filtro da bandeira trans (propaganda descarada - http://messica.codes/transflag). Apesar de ainda ser relativamente pequeno em termos de internet, essa iniciativa atingiu uma proporção que eu não imaginava, sendo compartilhada por celebridades trans, ativistas e grupos LGBT por todo o mundo (até agora chegou a 124 países, pra ser exata), e até mesmo iniciou uma ação no Brazil em protesto contra a violência que atinge pessoas trans.Ainda assim, eu reparei em algumas confusões a respeito de certas coisas que eu gostaria de esclarecer. Não se trata apenas de orgulho, trata-se também de apoiar e mudar a opinião pública. É por isso que é ABSOLUTAMENTE CRUCIAL que ALIADOS CIS compartilhem e participem, bem como a comunidade trans. Como muitos de vocês sabem, a visibilidade pode ser extremamente perigosa para pessoas trans e o Facebook adora mirar em indivíduos trans por conta da política do nome “real”, então eu não estou pedindo para que nenhum trans se exponha etc.De forma resumida, se você é um dos 26 MILHÕES de usuários do Facebook que mudaram sua foto para colocar a bandeira do arco-íris a fim de apoiar os direitos LGBT, você já deveria estar apoiando o “T”. Se você não apoia o “T”, livre-se da bandeira do arco-íris... pelo menos até você se educar a respeito da história do movimento LGBT (e não é nosso trabalho te educar também – por favor, pesquise, não é difícil)Se você apoia o “T”, tente mudar sua foto com a bandeira para uma bandeira trans, para dar apoio à comunidade transgênero E ESPECIALMENTE A MULHERES TRANS “DE COR”, que começaram esse movimento. Nós podemos mudar a opinião pública e, obviamente, isso já aconteceu. 10 anos atrás eu não poderia imaginar que os direitos LGBT progrediriam dessa forma, mas vejam onde chegamos agora. Não podemos esperar mais 50 anos para que o “T” alcance o mesmo nível e DEMANDAMOS UMA AÇÃO AGORA. Claro que existem outras formas, reais, materiais, de nos apoiar, mas essa é uma ação bem pequena, simples, que tem o potencial de mudar o mundo.
(texto em inglês disponível no Tumblr da autora)--------
Sobre a questão das mulheres trans "de cor" terem dado início ao movimento LGBT, basta procurar pelo nome de Marsha P. Johnson no Google e saber quem ela foi. Eu mesma já falei um pouco dela em um texto anterior: "Sobre paradas, tensões e representações"
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