Acho que está ficando cada vez mais complicado prever até
que ponto vai a desonestidade das pessoas que, na tentativa de defender seus
ideais, literalmente inventam notícias e informações que validariam seus pontos
de vista.
Bolsonaro fez um vídeo recentemente tratando de um livro
sobre sexualidade que, segundo o próprio, seria distribuído nas escolas
públicas. A publicação, intitulada “Aparelho Sexual & Cia”, da editora Cia.
das Letras, não tem relação alguma com o MEC e não existe proposta de
distribuição do mesmo em escolas, conforme o próprio Ministério divulgou em nota oficial.
Trata-se de uma obra de autoria de Hélène Bruller e Zep, a
primeira, quadrinista e ilustradora francesa, ex-mulher do segundo, um
quadrinista suíço, ambos com obras que são sempre sucesso de vendas – incluindo
a referida “Le Guide du
zizi sexuel”, que traz Titeuf,
famoso personagem de Zep, com o intuito de explicar a sexualidade para
PRÉ-ADOLESCENTES. Publicado na França em 2001, o livro já vendeu mais de 1,5
milhão de cópias em todo o mundo.
De
maneira bastante clara e objetiva – e com humor –, a obra trata justamente
daquilo que os pais têm dificuldade de abordar em conversas com os filhos em
fase de desenvolvimento: a sexualidade. Não se trata de um estímulo à
sexualidade precoce, mas de uma forma eficaz de sanar as dúvidas que as
crianças possam ter sem que os pais se embaracem para responder a certas
perguntas.
Na
mesma linha de desonestidade intelectual, uma postagem andou sendo
compartilhada no Facebook a respeito de outro livro que seria distribuído pelo
MEC; a página fotografada e difundida trazia um desenho certamente voltado ao
público infantil e a descrição do ato sexual.
Nesse caso, bastava ler o texto para notar
que nem sequer se tratava de um livro brasileiro, uma vez que a acentuação das
palavras é bastante diferente, além de trazer expressões específicas: “bebé”;
“o pai mete-se (...)”; “pénis”; “mamã”. A obra é de autoria de um autor galego
(o idioma, de fato, é bem próximo ao português), de nome Pepe Carreiro, e faz
parte de uma série que envolve seus personagens infantis, os Bochechas, e faz
enorme sucesso em Portugal. Novamente, o conteúdo do texto é a sexualidade,
explicada de maneira direta, sem rodeios.
Além da questão concernente à falsidade das “notícias”, é
interessante que pensemos sobre a sexualidade propriamente dita. As crianças
não estão completamente alheias ao sexo, por mais novas que sejam. A partir do
momento em que a criança percebe a si mesma e a seu corpo, ela já está em
contato com a sexualidade e já no período entre os 2 e 6 anos de idade começará
a fazer indagações sobre os motivos das coisas – o que pode incluir o porquê de
os bebês nascerem ou de existirem os casais. Diga-se de passagem, foi
comprovado cientificamente que é nessa idade que as crianças se dão conta de
suas identidades de gênero.
No período que compreende os 6 e os 10 anos, começam as
brincadeiras a nível “sensual” – exploratórias dos órgãos genitais e de áreas
de prazer. De certa forma, esses interesses sinalizam a entrada na puberdade.
Falar de sexo, propriamente dito, nessa idade, é uma maneira de esclarecer e de
educar as crianças para que estejam cientes de seu próprio corpo e até mesmo
para que possam compreender o que está por vir.
Educar a criança sobre a sexualidade é algo benéfico quando
sua curiosidade natural não é ainda permeada por pensamentos maliciosos. É,
inclusive, uma oportunidade adequada para alertarmos a respeito de
comportamentos impróprios e até sobre indivíduos que a possam machucar.
O mundo contemporâneo é permeado pela sexualização: na
música, na TV, nas propagandas e, principalmente, na internet. Afirmar que a
criança de 8, 9 anos não tem ideia do que seja sexo e sexualidade é no mínimo
hipócrita.
Além do mais, os primeiros contatos que uma criança tem com a
sexualidade (e com o sexo) ocorrem dentro de casa, com a família e nos círculos
sociais. Se existe o fenômeno da chamada sexualidade precoce, não se trata de
algo causado pela educação.
Apenas o professor, que adentra à sala de aula, sabe o que é ouvir comentários de cunho sexual diversos da boca de crianças e não poder fazer nada a não ser repreender verbalmente, algo que, sabemos, não adianta muito - são comentários que os pais muitas vezes nem mesmo têm noção de que os filhos fazem.
Na adolescência (e, às vezes, até antes), um número considerável de alunos já inicia sua vida sexual, também sem o conhecimento dos pais. A escola também não consegue impedir que esses jovens adentrem no mundo da sexualidade, mas não pode, de maneira alguma, fechar os olhos para esse fato e ignorá-lo. Daí a necessidade de falarmos de sexualidade enquanto educadores.
Aos anti-petistas de plantão, um aviso:
Jair Bolsonaro não é um político honesto – como a maioria
deles –, mente deliberadamente, como se pode observar por esse vídeo sobre o
livro que ele disse ser aprovado pelo MEC, e tem um histórico para o qual é
preciso se chamar a atenção: ele JÁ FOI CITADO NA LAVA-JATO; suas ofensas a
colegas parlamentares são recorrentes, o pior, feitas a nível pessoal; várias
vezes foi acusado de quebrar o decoro parlamentar, tentando impedir sessões,
principalmente as relativas à Comissão da Verdade; é acusado de receber R$50
mil na ocasião do esquema da chamada Lista de Furnas; foi citado por Joaquim
Barbosa como participante do Mensalão; é alvo de dois inquéritos pelo STF, um
relacionado a racismo e outro a crime contra a fauna.
Segue, abaixo, um vídeo esclarecedor publicado pela página Nova Escola sobre as declarações do deputado.
Checagem de informações
CHECAGEM DE INFORMAÇÕESO deputado federal Jair Messias Bolsonaro (PP-RJ) publicou há alguns dias um vídeo sobre Educação.NOVA ESCOLA apurou as informações do vídeo. Veja agora os equívocos cometidos pelo deputado e os dados corretos.
Publicado por Nova Escola em Sexta, 15 de janeiro de 2016
Nenhum comentário:
Postar um comentário