segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Clima de segunda-feira

Comecei a semana abrindo um link recomendado pela Mexy. O BME, indignado, comentou sobre um anúncio criado pela empresa alemã Zeitsprung Commercial, mas, sinceramente, eu ainda não consegui me posicionar. Primeiro, o comercial:


Um cara, fantasiado de urso, sai abraçando a galera, que acha engraçado e se diverte com a "brincadeira". Ao final, ele tira a máscara e se revela um cara cheio de modificações corporais fazendo cara de mau (sim, ele faz cara de mau pra assustar, não tira a máscara simplesmente). A mensagem final: "Você não pode ver o H.I.V. Mas você pode preveni-lo. Use camisinha."

A indignação da comunidade modificada (mais precisamente do BME, que pode ser considerado "a voz" da comunidade modificada) tem a ver com a sugestão feita pelo comercial de que pessoas com modificações corporais são portadores de H.I.V.... o que eu acho um exagero, por que, obviamente, esta não deve ter sido a intenção dos criadores da propaganda, mesmo que a dita cuja dê margem para esta interpretação. Não bastasse, dizem que o anúncio sugere também que o H.I.V. se pega pelo abraço...

Minha primeira impressão deste comercial foi: as pessoas se disfarçam, e você não pode saber quem tem o vírus só pela "casca"; o indivíduo com a fantasia de ursinho provavelmente foi escolhido por ter um visual (e, pelo comercial, também a atitude) agressivo, donde se pode pensar que o vírus é também agressivo, mas você não pode detectá-lo simplesmente se a pessoa te abraçar na rua. A fantasia e o cara nela foram uma forma de tornar as analogias bem mais óbvias, e é provável que seria tão válida quanto se, por trás da fantasia, tivesse um cara magro com cara de coitado (que é a ideia que temos dos portadores de H.I.V.)... Resumindo: o urso é a pessoa feliz que age normalmente, o cara modificado representaria o vírus, agressivo, que está "por dentro" da pessoa. Discordam?

A comunidade modificada enfrenta, sim, muito preconceito, e acho até que a forma como se expõem na mídia não ajuda muito, mas daí a achar que TUDO é uma espécie de ataque às modificações corporais é uma síndrome da vitimização bem parecida com a que atinge movimentos negros, homossexuais etc... há um medo em relação à transmissão do vírus H.I.V. e até uma incerteza, mas não consigo achar q este comercial relacionou as modificações do cara com a portabilidade do vírus... pode ser uma forma de interpretação? Sim, mas é como acontece na literatura: opte pelas mais óbvias, pq as subjetivas demais provavelmente nem foram cotadas pelo autor...