sexta-feira, 9 de junho de 2017

Documentário explora o caso de jovem que assassinou a mãe que a mantinha doente

Gypsy, com sua mãe, Dee Dee.

Um documentário  lançado em 15 de maio deste ano pela HBO, intitulado "Mommy Dead and
Dearest" ["Mamãe morta e querida", um trocadilho com o clássico filme "Mommie Dearest"], aborda a bizarra história de Gypsy Rose Blanchard que, aos 23 anos, planejou, juntamente com o namorado, o assassinato de sua mãe, Clauddine "Dee Dee" Blanchard, de 48 anos. Depois de Gypsy postar em sua página do Facebook, "aquela puta está morta", em 14 de junho de 2015, o corpo de Dee Dee foi encontrado em sua casa, na cidade de Springfield, Missouri.

Na medida em que as investigações da polícia avançaram, o que se descobriu foi um caso de abuso e aprisionamento da filha, a quem a própria mãe mantinha doente e em uma cadeira de rodas.

Clauddine era querida por seus vizinhos e sempre aparentou ser uma mãe amorosa e cuidadosa com sua filha, Gypsy, uma garota de saúde extremamente debilitada desde a infância. Mas, na verdade, Dee Dee sofria da Síndrome de Münchhausen por procuração, o que a levava a criar histórias sobre si e sobre sua filha, bem como a forjar as doenças da jovem.

O pai de Gypsy, Rod Blanchard, separou-se de Dee Dee um pouco antes do nascimento da filha, em 1991. À época, o casal vivia em uma pequena cidade chamada Golden Meadow. Ele alega que a garota parecia perfeitamente saudável, mas sua mãe se convenceu, quando ela tinha apenas 3 meses de idade, que o bebê sofria de apneia do sono e que parava com frequência de respirar durante a noite. Foi quando começou a ser levada ao hospital, ato que Clauddine repetiria inúmeras vezes, mesmo que os médicos não encontrassem nada de errado com Gypsy.

Dee Dee convenceu Rod de que os problemas de saúde da filha eram causados por um defeito cromossômico. Tendo trabalhado como assistente de enfermagem, a mãe parecia ter bastante conhecimento médico e saber sobre tudo o que se passava com Gypsy. Após um desentendimento com sua família, acusada de ter falsificado a assinatura de cheques do pai, Dee Dee se mudou com a menina para Slidell, onde continuou a visitar médicos e hospitais, dizendo que Gypsy sofria convulsões ocasionais, de forma que a garota passou a tomar remédios anti-convulsivos.

Dee Dee insistia em dizer também que a filha tinha distrofia muscular, mesmo que exames e biópsias não acusassem nada. Segundo a mãe, havia problemas também com a visão e frequentes infecções no ouvido, o que levou os médicos inclusive a operarem a menina diversas vezes.

Gypsy era constantemente levada ao hospital por sua mãe.

Quando o furacão Katrina devastou a cidade de Slidell, Dee Dee buscou ajuda em um abrigo para deficientes. Tendo sua casa destruída, ela confirmou que havia perdido todo o histórico médico de Gypsy e ganhou a confiança e compaixão de uma das médicas do abrigo, Janet Jordan. Jordan sugeriu, em 2005, que Dee Dee tentasse recomeçar a vida no Missouri.

De aparência frágil e em uma cadeira de rodas, Gypsy chamava a atenção por sua história triste e aparecia em noticiários e eventos beneficentes, nos quais ela e a mãe sempre estiveram envolvidas. Organizações de caridade ofereceram a elas voos gratuitos e estadias em casas de apoio pelo país, na tentativa de encontrar o melhor tratamento para Gypsy. A garota ganhou até mesmo um passeio na Disney e uma série de presentes.

Além disso, Clauddine insistia que a filha não sabia qual era sua própria idade, alegando atraso mental. De acordo com o jornal Daily Mail, Dee Dee fornecia datas de nascimento diferentes para se registrar em programas de apoio e a polícia encontrou evidências de que ela não foi, de fato, vítima do furacão Katrina.

Tudo começou a vir à tona quando Aleah Woodmansee, uma amiga de Gypsy, procurou a polícia. Filha de uma investigadora médica (responsável por verificar alegações de pacientes), Aleah acabou se aproximando da jovem e elas se tornaram confidentes. Gypsy contava a ela, através de uma conta do Facebook de nome Emma Rose, sobre o quanto sua mãe era superprotetora e que estava em contato com um garoto que conheceu em um site cristão de namoro, mas que não podia contar nada a Dee Dee.

O relacionamento de Gypsy com Nicholas Godejohn se manteve online por cinco anos, até que começaram a falar sobre a possibilidade de "se livrar" de Clauddine para finalmente ficarem juntos. Foi Godejohn quem esfaqueou Dee Dee enquanto Gypsy se escondia no banheiro.

O casal fugiu para o Wisconsin, mas foi capturado depois de a polícia rastrear o endereço de IP das postagens de Facebook que continuaram a fazer.

Gypsy e Nicholas planejaram a morte de Dee Dee para que pudessem ficar juntos.

O pai de Gypsy disse ter ficado surpreso quando viu a filha entrar andando no tribunal - descobrindo, finalmente, que ela não sofria de distrofia muscular e que era forçada por Dee Dee a se locomover em cadeiras de rodas. A jovem aceitou um acordo para confessar o assassinato da mãe e foi condenada, em julho do ano passado, a 10 anos de prisão. Godejohn, por sua vez, está cumprindo prisão perpétua por homicídio em primeiro grau.

Gypsy entrou caminhando em seu julgamento, embora sua mãe insistisse em mantê-la na cadeira de rodas. Aparentemente, a jovem é perfeitamente saudável, mas Dee Dee a mantinha doente.

2 comentários:

  1. Tomei conhecimento desta história inicialmente através do canal Investigação Discovery. Depois soube do documentário, e o achei no YouTube legendado. O que me causa espanto é a omissão de algumas pessoas. O pai, por exemplo, parece cheio de culpa algumas vezes, pois no fundo sabe que poderia ter interrompido o sofrimento da filha se tivesse uma simples conversa a sós com Gypsi e lhe assegurasse proteção. Por outro lado tem os médicos. Como um médico não vai saber que uma pessoa é ou não portadora de leucemia se um simples exame de sangue pode mostrar isso?! No documentário também tem a madrasta de Dee Dee declarando que ela tentou envenená-la e estava deixando a própria mãe morrer de fome. Duas coisas pra lá de suficientes pra que essa senhora procurasse o pai da menina e pedisse pra ele ficar de olho nela. As duas moravam sozinhas. Dee Dee tinha absoluto controle sobre a garota. E poderia tê-la levado à morte, como fazem muitos dos que sofrem da síndrome de Munchausen. A propósito, recomendo a série Sharp Objects, que trata do tema. É uma obra de ficção, mas foi muito bem conduzida.

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  2. Achei errado ela tinha que ter sido condenada a mais tempo tbm, só o rapaz pegou prisão perpétua, ela que pediu ele pra fazer isso ela usou ele, aí agora ele vai passar o resto da vida na cadeia e ela aí de boa como se nada tivesse acontecido. Acho que ele tinha que ter uma pena mais leve igual ela.

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