segunda-feira, 25 de julho de 2016

Meninos já usaram vestidos e roupas rosas no passado

Franklin Delano Roosevelt, em foto de 1884: à época, as roupas para crianças eram neutras e não havia diferenciação entre o que seria mais adequado para cada gênero.

Você sabia que nem sempre a cor rosa foi associada à feminilidade e a azul à masculinidade? E que o vestido já foi uma roupa neutra para as crianças? Na verdade, por séculos, todas as crianças usavam um mesmo tipo de roupa até por volta dos 6 ou 7 anos de idade: vestidos brancos.

Segundo a historiadora Jo B. Paoletti, a adoção das cores rosa e azul, bem como outros tons pastéis para bebês aconteceu a partir da segunda metade do século XIX, mas não eram associadas aos gêneros. Somente no período da Primeira Grande Guerra Mundial a simbologia do gênero pelas cores das vestimentas passou a ser adotada, contudo, ainda levou um tempo para que as coisas chegassem ao ponto em que estão hoje.

Publicações das décadas de 1910 e 1920 revelam uma lógica diferente da atual: àquela época, o rosa era para os meninos, por se tratar de uma cor mais decidida e forte, ao passo que o azul, mais delicado e gracioso, deveria ser usado pelas meninas. Porém, os critérios não eram claros e variavam de acordo com o fabricante de roupas.

Na Alemanha, desde os anos 1920, orfanatos adotavam a cor azul para os meninos e a cor rosa para as meninas. Na Bélgia, na Suíça e até mesmo em algumas partes da Alemanha, fazia-se o contrário.

 A imposição de vestimentas específicas de maneira mais efetiva, como a conhecemos, só aconteceu na década de 1940 nos Estados Unidos, quando a moda infantil passou a ser vestir os garotos como seus pais e as garotas como suas mães. No que diz respeito às cores, as associações apenas deixaram de variar por volta das décadas de 70 e 80. Isso mostra que aquilo que temos por estável é, na verdade, uma construção bastante recente, além de arbitrária.

Nos anos 1960, com a emergência do movimento feminista, a tendência se voltou para roupas unisex que não reforçassem a feminilidade e uma fragilidade das garotas. Essa busca por uma vestimenta mais neutra, que não condicionasse as meninas desde cedo a papéis específicos - com roupas delicadas e que não permitiam a elas se movimentar livremente -, se manteve até a metade dos anos 80.

Com o surgimento do exame pré-natal que possibilitava conhecer o sexo do bebê bem antes de seu nascimento, os pais passaram a consumir roupas para seus filhos já tendo em mente seu "sexo". Obviamente, as empresas tiraram proveito desse avanço tecnológico para moldar estratégias de marketing que dessem aos consumidores em potencial a sensação de individualidade, o que resultou em grande aumento das vendas. A publicidade acabou por influenciar os gostos e por consolidar a diferenciação dos gêneros a partir das cores e das vestimentas, da mesma forma que aconteceu também com os brinquedos.

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